Monday, 31 December 2007
Tuesday, 25 December 2007
Tuesday, 20 November 2007
Saturday, 17 November 2007
Wednesday, 14 November 2007
Saturday, 22 September 2007
The Wardrobe Collection - T.S.Eliot
Macavity's a Mystery Cat: he's called the Hidden Paw -
Sunday, 2 September 2007
Thursday, 23 August 2007
Céu em Fogo
Ultrapassei-me em tédio. Tudo se esvaziou à minha volta... Penduraram-me os nervos numa escápula de ferro; ataram-mos numa réstia seca...
Tenho medo de mim, de triste que estou...
Passeio nas ruas, solitário – e o meu olhar, o meu próprio olhar, me fustiga...
Em vão busco ainda acompanhar-me de fantasmas...
Tudo vive esta vida ao meu redor...
Se ao menos existissem outras... Sei lá, vidas instáveis, vidas-aromas – organismos fluidos que se pudessem condensar, solidificar, e de novo evaporar...
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Devaneios... devaneios...
Sempre em face de mim a realidade cruel: a folha branca onde escrevo – a vontade consciente que me faz escrever...
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Enfim! Enfim! O triunfo – a Ouro o triunfo!
Como fazia mal em desesperar!
Vibro hoje apoteoses, e tudo se abateu perante o Milagre! Cerraram-se aos meus olhos redemoinhos de Asa, em pedrarias e estrelas!
Houve fogos-de-artifício de aromas.
– Que vale o resto se o quebranto me estilizou, insondável em neblina?
Não sei o que se vai seguir – o que vai ser de mim. Mas seja o meu destino qual for, terei vivido beleza – beleza enclavinhadamente a sombrio... Projectei Mistério.
Insinuei-me em Íris. Venci!
Wednesday, 22 August 2007
Teardrop
Love, love is a verb
Love is a doing word
Fearless on my breath
Gentle impulsions
Shakes me makes me lighter
Fearless on my breath
Teardrop on the fire
Fearless on my breath
Nine, night of matter
Black flowers blossom
Fearless on my breath
Black flowers blossom
Fearless on my breath
Teardrop on the fire
Fearless on my...
Water is my eye
Most faithful mirror
Fearless on my breath
Teardrop on the fire of a confession
Fearless on my breath
Most faithful mirror
Fearless on my breath
Teardrop on the fire
Fearless on my breath
You're stumbling in the dark
You're stumbling in the dark
Massive Attack
Think about it...
Saturday, 18 August 2007
Horas Mortas
HORAS MORTAS
O tecto fundo de oxigénio, de ar,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Por baixo, que portões! Que arruamentos!
Um parafuso cai nas lajes, às escuras:
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E eu sigo, como as linhas de uma pauta
A dupla correnteza augusta das fachadas;
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas,
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Esqueço-me a prever castíssimas esposas,
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
Ó nossos filhos! Que de sonhos ágeis,
Pousando, vos trarão a nitidez às vidas!
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas,
Numas habitações translúcidas e frágeis.
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Nós vamos explorar todos os continentes
E pelas vastidões aquáticas seguir!
Mas se vivemos, os emparedados,
Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E nestes nebulosos corredores
Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Amareladamente, os cães parecem lobos.
E os guardas que revistam as escadas,
Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
Wednesday, 15 August 2007
Génese de uma música
Mas não ficamos por aqui. Já alguma vez pensaram "como é que nasce uma música?" Pois bem, o autor/compositor/produtor/realizador/fotógrafo/... David Fonseca responde às nossas questões e explica-nos todo o processo criativo que conduz às suas obras primas.
Como nasceu esta música?
De onde vem todo este som?
(Sobre a inspiração.)
Interferências...
Outros webisódios virão, podem vê-los em primeira mão no blog do David Fonseca. Enquanto eles não chegam...
...think about it...
Tuesday, 14 August 2007
Sunday, 12 August 2007
Miguel Torga
Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão em leme da nau
Nesta deriva em que vou.
Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser o anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser o monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!
"O homem é, por desgraça, uma solidão:
nascemos sós, vivemos sós e morremos sós."
Friday, 10 August 2007
The Wardrobe Collection - Splash
Splash
the illusion is that you are simply
reading this poem.
the reality is that this is
more than a
poem.
this is a beggar's knife.
this is a tulip.
this is a soldier marching
through Madrid.
this is you on your
death bed.
this is Li Po laughing
underground.
this is not a god-damned
poem.
this is a horse asleep.
a butterfly in
your brain.
this is the devil's
circus.
you are not reading this
on a page.
the page is reading
you.
feel it?
it's like a cobra. it's a hungry eagle circling the room.
this is not a poem. poems are dull,
they make you sleep.
these words force you
to a new
madness.
you have been blessed, you have been pushed into a
blinding area of
light.
the elephant dreams
with you
now.
the curve of space
bends and
laughs.
you can die now.
you can die now as
people were meant to
die:
great,
victorious,
hearing the music,
being the music,
roaring,
roaring,
roaring.
Think about it...
Tuesday, 7 August 2007
The Wardrobe Collection - Annabel Lee
It was many and many a year ago,
In a kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of ANNABEL LEE;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.
I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea;
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.
And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud, chilling
My beautiful Annabel Lee;
So that her highborn kinsman came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.
The angels, not half so happy in heaven,
Went envying her and me-
Yes!- that was the reason (as all men know,
In this kingdom by the sea)
That the wind came out of the cloud by night,
Chilling and killing my Annabel Lee.
But our love it was stronger by far than the love
Of those who were older than we-
Of many far wiser than we-
And neither the angels in heaven above,
Nor the demons down under the sea,
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee.
For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling- my darling- my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea,
In her tomb by the sounding sea.
Friday, 3 August 2007
Thursday, 2 August 2007
The Wardrobe Collection - If
If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream – and not make dreams your master,
If you can think – and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:
If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings – nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And – which is more – you'll be a Man, my son!
The Wardrobe Collection
Wednesday, 25 July 2007
Tuesday, 24 July 2007
Saturday, 21 July 2007
As fontes
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Think about it...
Friday, 20 July 2007
Série Pessoa - Fernando Pessoa (ortónimo)
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão !
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !
Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso !
Ó céu ! Ó campo ! Ó canção ! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro ! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !
"Sexa", ou os perigos da Linguística!
-Hmmm?
-Como é o feminino de sexo?
-O quê?
-O feminino de sexo.
-Não tem.
-Sexo não tem feminino?
-Não.
-Só tem sexo masculino?
-É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
-E como é o feminino de sexo?
-Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
-Mas você mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
-O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "sexo" é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.
-Não devia ser "a sexa"?
-Não.
-Porque não?
-Porque não! Desculpe. Porque não. "Sexo" é sempre masculino.
-O sexo da mulher é masculino?
-É. Não! O sexo da mulher é feminino.
-E como é o feminino?
-Sexo mesmo. Igual ao do homem.
-O sexo da mulher é igual ao do homem?
-É. Quer dizer... Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo?
-Certo.
-São duas coisas diferentes.
-Então como é o feminino de sexo?
-É igual ao masculino.
-Mas não são diferentes?
-Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, não muda a palavra.
-Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
-A palavra é masculina.
-Não. "A palavra" é feminino. Se fosse masculina seria "o pal..."
-Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
-Temos que ficar de olho nesse guri...
-Por quê?
-Ele só pensa em gramática.
Thursday, 19 July 2007
Série Pessoa - Alberto Caeiro
X
«OLÁ, GUARDADOR de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?»
«Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memória e de saudades
E de cousas que nunca foram.»
«Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.»
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos (1911-12)
Think about it...
Série Pessoa - Álvaro de Campos
Não me venham com conclusões!
Não me tragam estéticas!
Tirem-me daqui a metafísica!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Não me peguem no braço!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
Wednesday, 18 July 2007
Tuesday, 17 July 2007
Série Pessoa - Bernardo Soares
... think about it...
Wednesday, 11 July 2007
Saturday, 30 June 2007
The Raven
"The Raven", by Edgar Allan Poe, as seen on The Simpson's Halloween special.
Think about it...
Sunday, 17 June 2007
Friday, 18 May 2007
Bareavement poem
I am not there, I do not sleep.
I am a thousand winds that blow.
I am the diamond glint on snow.
I am the sunlight on ripened grain.
I am the gentle autumn rain.
When you wake in the morning hush,
I am the swift, uplifting rush
Of quiet birds in circling flight.
I am the soft starlight at night.
Do not stand at my grave and weep.
I am not there, I do not sleep.
Do not stand at my grave and cry.
I am not there, I did not die!
How to save a life
Step one - you say "we need to talk"
He walks, you say "sit down, it's just a talk"
He smiles politely back at you
You stare politely right on through
Some sort of window to your right
As he goes left and you stay right
Between the lines of fear and blame
And you begin to wonder why you came
Where did I go wrong? I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life
Let him know that you know best
'Cause, after all, you do know best.
Try to slip past his defense
Without granting innocence.
Lay down a list of what is wrong,
The things you've told him all along,
And pray to God he hears you
And pray to God he hears you
Where did I go wrong? I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life
As he begins to raise his voice
You lower yours and grant him one last choice:
Drive until you lose the road,
Or break with the ones you've followed.
He will do one of two things:
He will admit to everything,
Or he'll say he's just not the same
And you'll begin to wonder why you came
Where did I go wrong? I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life
The Fray
Think about it...
Thursday, 5 April 2007
Hard Times
Acho que hoje em dia se trata do oposto... vivemos em tempos em que o superlativo já não faz sentido, porque tudo é relativo, tudo é moderado...
Think about it...
Sunday, 1 April 2007
As fontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Think about it...
Saturday, 31 March 2007
And a new blog is born
Incluirei neste blog aquilo que me faz reflectir, aquilo que me faz parar para pensar, tirar uns momentos à correria do quotidiano. A maioria não será, provavelmente, de minha autoria, mas estarão sempre identificados os autores (não quero que me acusem de plágio!).
Não tenho, neste momento, a mais pequena ideia acerca de quem visitará este blog, se é que alguém o fará. No entanto, a quem cá chegar - por curiosidade ou mesmo por engano - espero que o resultado lhe agrade.
É pena que hoje em dia tenhamos que interromper conscientemente a rotina a que nos habituámos para termos um momento de introspecção, mas não devemos nunca deixar de parar e apenas...
Think About It...